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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O PIOR DESASTRE AMBIENTAL SÃO AS PERDAS DE VIDAS HUMANAS

As grandes enchentes que ocorreram na semana passada no Brasil tiveram a sua face mais dramática na Região Serrana do Rio de Janeiro, tido como um dos maiores desastres ambientais no Brasil (http://veja.abril.com. br/blog/veja-acompanha/ ?s= Deslizamento+ no+Rio+est%C3%A1+entre+ 10+ piores +do +mundo %2C+ diz+ ONU).

As mortes hoje ultrapassam 680 e ninguém discordará que elas são o lado mais negativo, porque uma vida tem como característica ser insubstituível. NÃO SE REPETE.

Foram muitas as demonstrações de solidariedade recebidas: do Papa ao meu colega de trabalho, com múltiplas tentativas de diminuir os efeitos das ocorrências. Ficam agora as perdas e os desabrigados (mais de 20000).

Durante a semana foi dado um conjunto de informações sobre o que deveria ter sido feito. Evidentemente isso não leva a nada agora, principalmente não ajuda a situação de quem está sofrendo nesse momento as conseqüências de tudo que aconteceu em suas vidas.

Acredito, porém, que o mínimo seria aprendermos (dessa vez!!!) com o que aconteceu. Todos os anos ocorrem situações semelhantes: de um lado pelo motivo natural, período de chuvas que castigam certas populações em vez de outras; de outro os motivos não naturais, políticos e econômicos.

Entre tantos aspectos levantados, alguns devem levar-nos todos a refletir. Evidentemente como em qualquer fato social é melhor prevenir que remediar. Tentar corrigir o problema depois que ocorreu, evidentemente é o mínimo que as autoridades envolvidas podem fazer, mas é muito pouco.

Pelo que se falou ao longo da semana existe experiência acumulada para antecipar esses problemas, por exemplo, a Austrália sofreu muito nesse período, com grandes conseqüências econômicas, mas um número muito ínfimo de perdas se comparado ao que ocorreu no Rio de Janeiro – 13 mortes (http://www1.folha.uol.com.br/bbc/860397-falta-de-planejamento-fez-chuva-no-brasil-matar-mais-que-na-australia-diz-especialista.shtml).

Perdas humanas são algo de extrema gravidade em si, o problema é que, comparando-se os dois casos, se as mesmas medidas fossem adotadas aqui nunca teríamos chegado a quase 700 mortes.
 
Outra coisa que chama a atenção é como o dinheiro somente aparece nessa hora.

Esse mesmo recurso liberado anteriormente certamente teria trazido um resultado "menos ruim" do que o que aconteceu (http://www1.folha. uol.com. br/cotidiano/860388-gastos-com-prevencao-de-desastres-naturais-sao-minimizados.shtml). Certamente se alegará nessa hora que um recurso sai como exceção e outro na rotina. Sendo que é um problema que ocorre todo ano pode ser planejado, precisa decisão política para a sua priorização.

O governador Sérgio Cabral disse que não é o momento para encontrar-se culpados (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/860625-tem-que-se-fazer-autocritica-mas-nao-agora-diz-governador-sobre-tragedia-no-j.shtml). Realmente não é, mas é muito difícil de não fazê-lo quando ficamos sabendo que a Defesa Civil do Rio de Janeiro desconsiderou a informação da Defesa Civil Nacional de que haveria uma grande quantidade de chuva (http://veja.abril.com.br/blog/veja-acompanha/a-tragedia-das-enchentes). Por quê?

Ou quando uma autoridade federal informou pela imprensa que as defesas civis municipais estão na sua maioria incapacitadas para enfrentar situações como essas. Por quê?

Ou que essa é 37ª calamidade que ocorre no Brasil nos últimos anos, porque não aprendemos com elas. 37! Por quê?

Ou diante da denúncia de mais um desvio de verbas de 500 milhões de reais na FUNASA como não pensar que esse dinheiro teria evitado grande parte das mortes ocorridas (http://www1.folha.uol.com.br/poder/861386-desvios-na-funasa-chegam-a-r-500-milhoes-diz-cgu.shtml).

Dizer que o problema é da especulação (como falou inicialmente o governador Cabral) como se fosse um problema de outros (dos municípios), de fato é tentar arrumar culpados e se desonerar das próprias responsabilidades.

Como escrevi anteriormente no blog (Solidariedade Popular de 18/03/2009) o problema da habitação entre os problemas sociais é o que sempre encontra menos eco nos políticos e na sociedade, porque não existem forças de pressão social importantes, porque lideranças foram cooptadas por governos, porque não existe nenhum movimento internacional no assunto.

Que existam pessoas morando mal e em situação de risco é um grande problema. Será que o programa federal Minha Casa enfrentará isso?

O Ministério de Infra-estrutura despejou nos últimos quatro anos a maior parte dos seus recursos na Bahia. Tudo bem que há graves problemas sociais neste estado, porém, NINGUÉM justificou qualquer coisa plausível para isso, nem o presidente nem o ministro. Será que esse dinheiro não poderia ter resolvido preventivamente parte das causas que levaram a situação que ocorreu no Rio de Janeiro??

Nestas situações sempre chama a atenção as milhares de iniciativas que são feitas em situações como essas, é de verdade algo que emociona. São idosos, crianças, os mais pobres que querem fazer algo para diminuir a dor do outro que reconhece como um irmão seu. Nosso povo é muito bom!!! Como podemos aprender também com isso?

Penso, tembém, que esse POVO BOM será melhor ainda quando, vendo esses fatos que ocorrem todos anos e que tem causas além daquelas absolutamente naturais, considerar que a POLÍTICA não pode ficar em segundo plano e não mais escolher o candidato em quem vou voltar pelo último santinho que encontrar antes de confirmar  meu voto na urna.

SIM. ESSAS MORTES TIVERAM TAMBÉM CLARAMENTE CAUSAS POLÍTICAS.

Como essas, ocorrem outras tantas mais silenciosas e que passam despercebidas por nós: como as que ocorrem na violência do tráfico, ou nos acidentes de trânsito, ou por falta absoluta de condições ou perspectivas de vida digna. SIM ESSAS MORTES COMO AS DAS ENCHENTES QUE OCORREM EM MAIOR OU MENOR NÚMERO TEM A VER COM A POLÍTICA.

Seremos um povo ainda melhor quando considerarmos muito importante escolhermos os nossos governantes e participarmos mais ativamente da vida política das nossas cidades não deixando nunca essa responsabilidade nas mãos exclusivas dos “nossos políticos”, porque como ficou claro, mais uma vez, o resultado é muito negativo.

Concluo com o alerta feito pela consultora externa da ONU e diretora do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres, Debarati Guha-Sapir, uma das maiores especialistas no mundo em desastres naturais e estratégias para dar respostas a crises, que falou estes dias ao Estado de São Paulo. "O Brasil não é Bangladesh e não tem nenhuma desculpa para permitir, no século 21, que pessoas morram em deslizamentos de terras causados por chuva". Para ela, só um fator mata depois da chuva: "descaso político" (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/ 2011/ 01/ 14/reprise-brasil-nao-bangladesh-nao-tem-desculpa-356559.asp).

PS: deixo em anexo um histórico das principais notícias vinculadas esses dias na imprensa brasileira para quem quiser ter mais subsídios para essa importante reflexão que todos devemos fazer.

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